02 abril 2008

De que falar?

Tenho tanta coisa na cabeça que gostaria de falar que nem sei por onde começar.

Posso falar que a taxa de iva desceu no caso dos 21% para os 20% e penso que que esta alteração possa ajudar a economia portuguesa, no sentido em que vai despoletar o consumo, no entanto não consigo deixar de pensar na taxa de esforço e no endividamento das famílias portuguesas. Isso leva-me para o marketing e o exponencial aumento das necessidades do ser Humano, nomeadamente para todo o trabalho que o marketing tem, na tentativa de criar necessidades, mesmo quando essas necessidades já são superiores aos recursos existentes.

E é no diferencial negativo que existe entre os recursos e as necessidades que eu vou falar.

Há pouco tempo saiu um estudo que revela a maior incidência da opinião das crianças nas escolhas de compra das famílias portuguesas no que diz respeito ao consumo de tecnologias e veículos. O estudo revela que hoje em dia as famílias baseiam-se nas escolhas e nas opiniões dos mais pequenos perante a decisão de compra. Eu pergunto, será que hoje em dia as famílias consomem desmesuradamente sem grandes critérios na analise dos recursos e se deixam guiar por mini agentes, como são as crianças? À partida uma criança não tem noção dos recursos, para eles comprar é apenas o acto de passar o cartão multibanco, sem noção das disponibilidades financeiras ou até mesmo de tesouraria da família. Cabe ao adulto essa tarefa de analise. Mas se na verdade estes se deixam influenciar pelo consumo positivo de uma criança, então chegamos ao ponto da falta de liquidez e consequentemente ao mega-endividamento de que tanto ouvimos falar, ou mesmo sentimos na nossa própria economia familiar.

Que fazer? O que sempre se fez, contas.... Mas as famílias já não têm as mesmas características de há décadas atrás. Anteriormente as famílias tinham uma pequena casa, onde muitas vezes, na mesma habitação dormiam varios elementos, a existência de TV era visto como um luxo, o mesmo no que diz respeito aos automóveis, não existiam brinquedos de fabrica, mas sim muita imaginação, as feiras eram a fonte por excelência do consumo familiar e aconteciam uma vez por ano, ou pouco mais. As deslocações eram apenas dentro de uma restrita área de residência, ou apenas aconteciam por motivos de trabalho. O consumo alimentar era muitas vezes garantido pela auto-produção e a maior parte do agregado familiar gerava ganhos financeiros. As roupas limitavam-se a poucas vestes, as crianças eram criadas pela família e brincavam pela rua na companhia de outras crianças vizinhas.

Então se o papel do marketing é, à primeira analise o de incrementar e criar necessidades onde elas não existiam, não estará na altura de que esse mesmo marketing se preocupe com questões como a responsabilidade social , nomeadamente no que diz respeito ao endividamento familiar?

Sendo as crianças um dos motores do consumo familiar, então actualmente podemos ver que o marketing se dirige cada vez mais a este publico alvo, mas não será que estamos a condicionar as gerações futuras, pelo exponencial aumento da falta de valores induzido pelos anúncios? Não será que as crianças estão a ser educadas sobre falsas bases de necessidades e fraca noção da limitação dos recursos financeiros?

São questões que me preocupam e que me levam a pensar que hoje em dia a educação de uma criança é fortemente condicionada pelos falsos estímulos externos sem qualquer base de responsabilidade familiar, valores e conceitos básicos de responsabilidade social e ambiental. Hoje criar uma criança é uma tarefa fortemente dificultada pela própria sociedade em que vivemos, exigindo um trabalho suplementar, para o qual não há tempo, pois as famílias estão tão concentradas em aumentar as economias familiares que não sobra tempo para uma questão basica como a que eu aqui salientei....

Para outros posts ficam os restantes pensamentos e analises que faço no meu dia a dia e mais propriamente com a almofada, ou as infindáveis gotas de agua que me caem no banho...

Etiquetas:

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

olha depois volto cá a ler isto quando ja estiver acordada. Agora ainda é muito cedo...

9:25 da manhã, abril 02, 2008

 
Anonymous Anónimo said...

"Obrigada miúda pela surpresa, gostei muito :)"
esse agradecimento é para mim?
então a resposta é: de nada miúda, foi com muito gosto :p

10:48 da tarde, abril 02, 2008

 
Blogger neva said...

alguem ok ok

rt - sim é p ti miuda

12:06 da tarde, abril 03, 2008

 

Enviar um comentário

<< Home